sábado, 1 de novembro de 2008

Lesão de coluna vertebral no esporte

A incidência de lesões da coluna vertebral na prática esportiva é estimada entre 10 e 15% e 0,6 a 1% apresenta algum grau de déficit neurológico associado.

Obviamente, qualquer lesão da coluna vertebral observada entre não atletas pode ser encontrada entre os participantes da prática esportiva. Porém, algumas lesões são mais características dos atletas e apresentam peculiaridades que justificam abordagem mais específica.

Os mecanismos de lesão incluem forças de flexão, extensão, cisalhamento, torção e microtraumas repetitivos. Em geral, há combinação de forças produzindo a lesão.

A localização anatômica da lesão está diretamente relacionada ao mecanismo de trauma e cerca de 2/3 das lesões medulares estão localizadas no segmento cervical.
Lesões da medula na região torácica ocorrem em 10% das fraturas desse segmento e em 4% das fraturas da coluna toracolombar.
AVALIAÇÃO CLÍNICA
O atendimento do paciente no local do acidente é de grande importância para a sua avaliação inicial, reconhecimento de suas lesões e prevenção de lesões adicionais durante o seu resgate e transporte para o local onde deverá receber o atendimento definitivo.
Em pacientes inconscientes e vítimas de colisão de automóveis ou quedas, a possibilidade da coluna cervical estar lesada é de 5 a 10% e observou-se, no estudo de trezentos (300) pacientes portadores de fratura da coluna cervical, que cerca de 1/3 das fraturas não foram diagnosticadas no momento do atendimento inicial.

A história do trauma e informações acerca do estado geral do paciente previamente ao trauma são de grande utilidade para auxiliar no esclarecimento do mecanismo de trauma e suas possíveis lesões associadas.
O exame físico geral do paciente inicia-se pela avaliação de suas vias aéreas “com o controle da coluna cervical”, da sua respiração e ventilação, e da circulação (ABC), pois a prioridade, no atendimento inicial, deve ser para a avaliação, preservação e tratamento das funções vitais básicas.
Os pacientes com fratura da coluna vertebral sem lesão neurológica apresentam dor local, que pode irradiar-se para os membros, e incapacidade funcional, acompanhada de espasmo da musculatura adjacente. Nos pacientes com lesão medular, podem ser observadas respiração diafragmática, perda da resposta ao estímulo doloroso, incapacidade de realizar movimentos voluntários nos membros, alterações do controle dos esfíncteres, priapismo e presença de reflexos patológicos (Babinski, Oppenheim), indicando lesão do neurônio motor superior. Os pacientes com lesão medular podem apresentar, também, queda da pressão arterial, acompanhada de bradicardia, que caracteriza o denominado choque neurogênico.


FRATURAS DO ARCO VERTEBRAL
As fraturas mais comuns que podem ocorrer no arco vertebral na prática esportiva são as fraturas da lâmina vertebral e do processo articular. Em geral, o diagnóstico é feito pela cintilografia óssea e tomografia axial computadorizada. O tratamento consiste no afastamento da prática esportiva e uso de órtese toracolombossacra, em geral por 90 dias, quando ocorre consolidação da fratura.

TRM - TRATAMENTO
O tratamento dos TRM deve ter início no momento do atendimento inicial, ainda fora do ambiente hospitalar, durante o resgate e transporte dos pacientes, com o objetivo de evitar lesões adicionais ou ampliação das lesões já existentes. A imobilização da coluna cervical deve ser realizada em todos os pacientes politraumatizados e retirada somente após a confirmação da ausência de lesão. Condutas atuais tem sido no sentido de realizar a estabilização precoce das lesões, para facilitar a mobilização precoce dos pacientes e promover de modo mais rápido sua reabilitação e reintegração social e não no sentido de realizar sua recuperação neurológica, uma vez que o papel da descompressão é muito discutível.


Fontes: DEFINO HLA., Trauma raquimedular. Medicina, Ribeirão Preto, 32: 388-400, out./dez. 1999. AMATUZZI et al., Lesões da coluna vertebral nos esportes, Rev Bras Ortop _ Vol. 34, Nº 2 – Fevereiro, 1999.

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